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sábado, setembro 10, 2005

Parte 5: Os Descobrimentos Portugueses: Os primeiros desenvolvimentos da construção naval em Portugal

Os primeiros desenvolvimentos da construção naval em Portugal

Com a consumação da Reconquista, o movimento para sul que caracterizara desde sempre a monarquia portuguesa cessara temporariamente, mas o tradicional inimigo muçulmano continuava a ameaçar a navegação cristã e as pequenas vilas e cidades da periferia do Reino. Surgiam então duas alternativas: ou se defendiam essas costas permamente sugeitas ao corso muçulmano ou se ía destruir esta ameaça no seu próprio covil, no norte de África. Para o bom sucesso de ambas as hipóteses tinha que existir uma forte marinha mercante, e, sobretudo, uma robusta marinha de guerra.

A Cruzada Marítima

Os fundamentos de uma marinha de guerra portuguesa foram lançados por Dom Dinis, embora o seu desenvolvimento tivesse sido sucessivamente prejudicado pelas constantes guerras com Castela até à assinatura do Tratado de Paz de 1411, isto, muito embora a Santa Sé tivesse promulgado em diversas bulas em que incentivava ao empenhamento nacional numa cruzada marítima contra os muçulmanos.

Estas pressões por parte da Santa Sé são bem visíveis numa Súplica de Dom Afonso IV ao papa Bento XII, solicintando-lhe uma bula que seria concedida a 30 de Abril de 1341 sob o nome Gaudemus et Exultamus, onde se pode ler:

"Que el-rei de Portugal Dom Dinis (...) considerando que o dito reino do Algarve está na fronteira e vizinhança dos ditos inimigos, e que seria mais fácil a guerra (...) se estes fossem atacados por mar, em galés (...), por pessoas dextras na arte da guerra por mar; mandou chamar de longes terras para o seu reino um homem conhecedor das coisas do mar e da guerra naval e nomeou-o almirante de seus reinos com grande soldo, o qual mandou construir galés e outros navios.

Também o contrato celebrado entre Dom Dinis e o genovês Pessanha, datado de 1 de Fevereiro de 1317 dá especial relevo ao papel militar da armada que este comandaria, nomeadamente no ponto em que se diz que o almirante jurou servir o rei "contra todos os homens do mundo (...) também cristãos como mouros", embora acessoriamente fosse autorizado a utilizar os seus navios e homens em actividades comerciais: "Pero, quando vós, sobredito rei,ou vossos sucessores não houverdes mester serviço dos ditos vinte homens, que eu, micer Manuel e meus sucessores nos possamos servir deles em as nossas mercandias".