oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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segunda-feira, setembro 12, 2005

O criptojudaísmo de Vieira

"História de António Vieira" p.14
J. Lúcio de Azevedo
Clássica Editora

Talvez uma das raízes para a compreensão do pensamento multiculturalista e tolerante do padre António Vieira estivesse no facto de ter tido por bisavó uma mulher de cor. Muitas vezes as posições filósoficas de alguém radicam no seu passado individual e o próprio Sigmund Freud encontrou a motivação para a sua Psicologia nos seus problemas pessoais. Ignora-se a raça exacta da avó de Vieira: negra, india ou moura. Negros havia muitos no Portugal da época de Vieira (segundo certas estimativas chegariam a 10% da população) e havia ainda algumas comunidades mouriscas em algumas cidades do país. O próprio Vieira tinha ainda alguns traços fisionómicos que pareciam indicar uma qualquer mestiçagem no seu sangue, conforme refere Lúcio de Azevedo a propósito do seu retrato feito em Roma.

A hipótese da origem marrana ou até judaica de Vieira é tambêm levantada por Lúcio de Azevedo, quando alude à recusa a seus pais da recepção na Ordem de Cristo por motivos que estariam relacionados com a "limpeza do sangue". Os próprios contactos privilegiados que manteriam coim cabalistas judaicos poderiam reforçar a tese das raízes judaicas de Vieira.

Soubesse Vieira ou não a verdadeira origem dos seus antepassados, o certo é que as influências judaicas estiveram na origem do seu profundo Messianismo - transferido para a pessoa de Dom João IV - e não é totalmente impossível, ainda que seja improvável - que Vieira descendesse de pais criptojudeus, isto é, de portugueses que praticavam secretamente a religião de Moisés.
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