Sobre o possível ataque às instalações nucleares do Irão
À medida que aumenta a tónica da pressão sobre o Irão quanto ao desenvolvimento por parte deste de um programa nuclear autónomo, cresce a inevitabilidade de um ataque aéreo sobre as instalações nucleares deste país.
Israel já afirmou que não conduziria tal ataque. Embora tenha sido a aviação israelita que destruiu a central nuclear iraquiana de Osirak em 1981, actualmente o estado judeu não parece interessado em repetir a façanha, embora já não tenha que se preocupar em atravessar tanto céu hostil (o céu do Iraque é hoje controlado pela USAF), a inevitável autorização de vôo do governo iraquiano shiita seria impossível dado os laços estreitos entre os shiitas iraquianos e o governo iraniano. Logo, restam os EUA e o Reino Unido como os únicos países que na região têm os meios aéreos suficientes para atacar o Irão.
A Força Aérea do Irão parece incapaz de enfrentar qualquer ataque coligado.
Aquando da Invasão do Iraque, o Irão recebeu várias aeronaves iraquianas (24 Mirage F1s, 4 Su-20 Fitters, 40 Su-22 Fitters, 24 Su-24 Fencers, 7Su-25 Frogfoots, 9 MiG-23 Floggers, e 4 MiG-29 Fulcrums), destes o Mirage F1B estarão em operação, e os 4 Mig 29 teriam sido vendidos à China.
Actualmente, os principais meios de combate aéreo que poderiam ser usados numa resposta aére do Irão seriam:
40 Phantom F-4 (ainda entregues na época do Shah)
45 F-5E/F (também da época do Shah)
20 F-14 Tomcat (também da época do Shah)
8 F-8M "Finback" chineses
vários Mig-31 russos (não confirmados)
No que respeita a defesas aéreas o Irão possui uma panóplia diversa, incluindo 45 a 60 SA-2 chineses e 10 baterias de SA-5 e seis baterias de SA-6 russos, assim como 30 "Improved Hawk". Acredita-se que o Irão também opera cerca de seis baterias SA-6. O Irão manifestou o interesse em adquirir várias baterias dos sistemas S-300 russos, considerados unanimemente como o melhor sistema de defesa aérea do mundo, mas a compra ainda não foi concretizada.
A lista indica a incapacidade do Irão de repelir um ataque aéreo bem coordenado e conduzido, como têm sido todos os conduzidos pela USAF nos últimos anos... Pode contudo, se decidir retaliar (pode optar por poupar os seus aviões, como fez a Jugoslávia ou o Iraque de Saddam) causar algumas baixas nas forças atacantes, mas não as suficientes para as fazer abortar o ataque... Tanto mais porque se espera que o primeiro ataque seja conduzido por mísseis de cruzeiro tendo como alvos as bases aéreas e as baterias de mísseis iranianas.
Militarmente, não restam ao Irão grandes alternativas. É contudo no campo político e económico que Teerão pode jogar as suas cartas mais importantes... A simples concretização da operação faria aumentar drásticamente os preços do petróleo e a existência de uma ofensiva prolongada e um eventual boicote do Irão fariam disparar estes preços para a estratosfera... A influência do Irão no Iraque (o seu governo é dominado pelo shiitas), no Líbano (via Hezbollah) e na Palestina (via Hamas, agora no governo) iriam colocar dificuldades a todas as posições americanas no Médio Oriente.
Assim sendo, não é provável que os EUA venham a lançar um ataque aéreo contra as instalações nucleares iranianas... Simplesmente, o petróleo já está a um preço demasiado alto para que a administração Bush se atreva a passar da Retórica aos Actos...
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