oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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quinta-feira, setembro 15, 2005

A Escrita Cónia (Parte 8): A Designação “Escrita Cónia”

No seu livro fundamental “A Escrita Pré-Romana do Algarve e Sudoeste”, Lopes Navarro ressalta as repetidas e concertadas tentativas por parte dos historiadores espanhóis na tentativa de enquadrar as inscrições cónias no universo da escrita tartéssica ou turdetana. Mas estas são descrições geográficas que não se estendem até à margem esquerda do Guadiana e não existem nenhumas provas que indiquem que o reino de Tartessos tivesse alguma vez ocupado o território a ocidente do Guadiana, embora seja provável que existem rotas comerciais comuns e relações intensas entre ambas as margens desse rio do sul do nosso território.

Qual deverá ser portanto a designação mais correcta para as estelas funerárias das populações que habitaram o sul de Portugal durante a II Idade do Ferro? Heródoto de Heracleia e Rufus Festus Avienus utilizam nos seus escritos as palavras “cinii” e “cinetycum” para descrever o povo e o seu território. Por outro lado, da análise que faremos das estelas veremos que a palavra “cónio” surge em praticamente todas elas. Lopes Navarro defende a designação “Escrita Cinética”, julgamos contudo que “Escrita Cónia”, segundo o nome do povo e seguindo a palavra tantas vezes repetida nas inscrições é mais adequada e por essa razão a utilizaremos no decorrer desta modesta abordagem ao grande – mas tão pouco abordado – problema que é o do primórdios da escrita no actual território português.