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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Agostinho da Silva: "Não era com o Estado de D. Dinis que Portugal teria navegado e dado a volta ao mundo..."

"Não era com o Estado de D. Dinis que Portugal teria navegado e dado a volta ao mundo... Porque parece que o ideal de D. Dinis era ter um jardim à beira mar plantado, como depois tão bem disse Tomás Ribeiro, um jardim à beira-mar plantado bem defendido dos espanhóis (traquinas, que vinham cá estragar o jardim), com uma boa rede de fortalezas, protegido do mar pelo pinhal de Leiria, para não entrar areia... Não era com isso que se tinha navegado. Provavelmente, se se tivesse continuado num país à beira-mar plantado, terse-ía traído o pensamento inicial de S. Bernardo, que me parece ter muito que ver com a criação ou fundação ou estabelecimento de Portugal, como se queira dizer."

Agostinho da Silva: Ir à Índia sem Abandonar Portugal; Considerações; Outros Textos (Filosofia)


Comentário:

Prosseguindo com o Estado de Dom Dinis, Portugal seria hoje uma espécie de Dinarmarca, Suíça ou Bélgica. Um pequeno país, sem História nem marca significativa no Rumo do Mundo e sem a participação no destino das coisas que terá. Seríamos um canto de prosperidade e paz nesta secção da Península, mas seríamos também tão entediantes como os melhores habitantes de Berna... Com a gesta dos Descobrimentos e da Expansão, Portugal abriu portas ao Mundo e a si mesmo, estabelecendo metas impossíveis de alcançar que contudo levaram os portugueses a ultrapassarem-se violentamente. Com o fátuo e cinzento "regresso à Europa" provocado primeiro pela Independência do Brasil e depois pela Descolonização de 1975, Portugal acinzentou-se e tentou regressar aquele jardim de Dom Dinis, mas sem a sua sábia gestão nem a sólida rede de fortalezas que nos defendia da Globalização e da Europeização forçadas... Regressámos ao sítio de onde partimos, mas não ao lugar onde residia a nossa mente colectiva.

Urge portanto regressar ao Mundo. Abandonar esse jardim "à beira-mar plantado" e regado com os dinheiros que vertem do norte da Europa e quebrar essas cadeias europeias procurando reencontrar o vero e profundo destino português que é o do Mar Oceano. Como dizia Agostinho, "Portugal deve passar de país marítimo, a país naval". Olhando para o legado português, devemos procurar a re-união com os irmãos do Oceano, sitos desde o Brasil a Timor e criar as bases para uma entidade nacional transcontinental que una o Mundo e que permita terminar com este ciclo de guerras, fomes e conflitos que aflige o Homem e a Humanidade desde sempre.

Publicado também em Movimento Quintano.