oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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domingo, setembro 18, 2005

A contradição do sistema económico globalista

Assistimos um pouco pot todo o mundo desenvolvido a um estranho fenómeno contraditório: por um lado mas multinacionais e as grandes empresas (bancos e seguradoras, sobretudo), aumentam os seus lucros, atingindo ano após ano lucros record. Simultaneamente, os indicadores económicos estagnam ou entram em recessão, os governos aproximam-se da bancarrota, o número de desempregados e os níveis e qualidade de vida descem sem parar enquanto se adensa a pressão para que desçam ainda mais.

Para quem vive no Ocidente, as perspectivas são muito más. A qualidade de vida degrada-se cada vez mais e a incerteza quanto ao futuro é crescente. Os Media - detidos pelos grandes grupos económicos - papagueiam o "pensamento único" neoliberal e conservador e contribuem para que se instaure nas populações a convicção de que a crise europeia e ocidental é culpa dos seus "altos salários e regalias sociais". O modelo do "estado minímo" irlandês e norte americano torna-se incontornável à medida que os limites do Pacto de Estabilidade se impoêm e que a pressão para a descida dos impostos sobre os lucros aumentam, seguindo o exemplo dos países do Leste e dos EUA.

Pouco a pouco, os imensos e esgamadores poderes da Globalização estendem-se por toda a Europa, devorando todas as conquistas que os seres humanos conseguiram desde o século XVIII. Mas este é um movimento autofágico...

Os teóricos do modelo globalizante esquecem que este dependem da existência de largas camadas de consumidores endinheirados e aptos a comprarem os produtos que o sistema se esforça por produzir no Oriente e no Leste a custos de mão-de-obra próximos da escravatura. Quando o sistema despedir o último alemão ou françês, quem vai comprar o mais moderno leitor de DVDs ou o mais recente écran de plasma? O indiano de Bangalore que mal ganha para alimentar a sua família? Ou o vietnamita esfaimado contando todos os meses o magro salário que a Nike lhe concede? Construído como está, o sistema irá provocar a mesma crise de sobreprodução de 1924, a menos que os trabalhadores explorados do Leste e do Oriente consigam forçar os seus empregadores a aumentarem os seus salários, tornando-os também consumidores dos mesmos produtos que fabricam, mas existirão sinais de que isso está prestes a acontecer?... Receio que não.

É claro que estes teóricos - que se pavoneiam tanto nas nossas TVs - não conseguem pensar nestes termos... É que hoje só se planeia e pensa a curto prazo e esta realidade só se torna evidente a médio e longo prazo.