oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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quinta-feira, setembro 15, 2005

Desmascarando a Teoria da Conspiração: O Tsunami de 26 de Dezembro provocado pela detonação intencional de 8 ogicas nucleares de um submarino american

Corre na Internet, passando de mail em mail a seguinte teoria da conspiração:

"21 de Fevereiro de 1978, um submarino nuclear americano sofre uma avaria e afunda-se no Indico sul, pouca ou nenhuma informação escapa para o mundo, estava numa missão secreta, com certeza. Uma enorme operação de resgate da preciosa carga, 8 ogivas nucleares, é posta em marcha, mas convenientemente encoberta, ao estilo da Glomar Explorer, a manobra de diversão era procurar petróleo. Nada foi recuperado desta vez, o submarino continuou no fundo do oceano com a sua explosiva carga, mas o Americanos continuavam com o controle do armamento remotamente. Em Setembro de 2003, astrónomos dos Estados Unidos descobriram um grande asteróide que se estaria aproximando rapidamente. Embora as possibilidades de impacto serem extremamente baixas, os cientistas previram a data de impacto para 21 de Março de 2014, quase confirmado esse facto, os EUA decidiram depois de várias reuniões com os principais lideres do mundo e o primeiro ministro da Índia(único pais afectado presente na reunião) com vista a resolver este problema da melhor forma, conta-se que várias formas de destruir o asteróide, mas nenhuma era viável, então decidiu-se aproveitar as 8 ogivas nucleares que sobraram do tal submarino afundado no Índico para provocar uma explosão que, de tão potente, deixaria a terra uns poucos milímetros fora da sua órbita normal, e assim, o asteróide já passaria ao lado da terra. Como é certo, os países perto da zona de explosão nunca concordariam, por isso a operação foi mantida em absoluto sigilo. Todos os cálculos foram feitos e o cogumelo nuclear nunca chegaria perto da superfície da água, mas a data, veio-se a verificar que tinha sido muito mal escolhida. A explosão nuclear ocorreu a 26 de Dezembro de 2004, encoberta por um suposto terramoto de 8.9, e mais tarde rectificado para 9.0 na escala de Richter, cerca das 8 da manhã (hora local), As consequências foram devastadoras, Correu o rumor na imprensa que os americanos teriam tido o conhecimento do tsunami que se viria a formar uma hora antes de atingir a costa da Tailândia e não teriam conseguido avisar ninguém (pudera.). Os Americanos não queriam que ninguém soubesse o que eles tinham feito, mas o que é certo é que possivelmente fomos todos salvos devido a este acto, à 1ª vista horrível, mas que a longo prazo será considerado heróico. O plano terá corrido bem, segundo a imprensa e um conceituado geofísico americano Richard Gross, devido à massa deslocada pela acção da explosão, o dia da explosão teve menos 3 micro segundos que um dia normal e o eixo da terra inclinou-se cerca de uma polegada, evitando o futuro impacto do asteróide. Desta forma os americanos terão, por agora salvo o mundo. mas a que preço!!.."

Comentários:
1. Nenhum submarino americano da época (ou antes, ou depois) transportava apenas oito ogivas. Actualmente, os EUA usam submarinos transportando cada um 24 mísseis, e contendo cada um dele oito ogivas (MIRVs), ou seja, 192 bombas nucleares por submarino. Este mito pode basear-se na capacidade de transportar oito ogivas por míssil, mas somente isso, porque esta classe de submarinos não estava operacional em 1978. Com efeito, esta classe Ohio (o primeiro seria o SSBN 726) seria lançado apenas em Abril de 1979... E teria que levar apenas 1 dos 24 mísseis, o que sabe-se que nunca aconteceu. Já para não falar do facto de que o desaparecimento de um submarino desta envergadura dificilmente passaria desapercebido...

Em 1978, os EUA operavam submarinos da classe George Washington e a Benjamin Franklin, contendo cada um 16 mísseis Polaris. Destes os A-3 levavam cada um 3 ogivas Mk 2 RV de 200 Kt cada. Ou seja, também muitas mais que o tal número fictício de "oito ogivas"... Contudo, como também podiam transportar torpedos nucleares Mk 45 Astor, seria destes que fala o mito? Pouco provável. Não consta que oito destes torpedos fossem transportados em cada navio. Desconhecemos o número exacto, mas deveria ser entre 2 e 4 apenas torpedos deste género por submarino.

2. O risco de impacte catastrófico de asteróides é muito real, contudo o referido impacte de 21 de Março de 2014 já foi desmentido pela NASA, tendo resultado de um erro de cálculo de um astrónomo. A referência entra aqui para dar ao mito alguma credibilidade, assim como a referência a Richard Gross.

3. Não é possível manter o controlo remoto do armamento de um submarino afundado nas profundezas oceânicas, e teria que estar muito fundo ou as preciosas e perigosas teriam sido recuperadas. Um submarino para manter comunicações tem que estar próximo da superfície e mesmo as comunicações por microndas não são eficientes a profundidades oceânicas.

4. Richard Gross é efectivamente um sismologista que lançou a tese da perturbação da rotação da Terra após o sismo de 26 de Dezembro de 2004, mas nunca escreveu ou falou nada sobre este submarino nuclear. A sua aparição neste mito urbano parece ocorrer apenas para credibilizar toda a história.

5. Não existem registos de submarinos americanos perdidos em 1978, isso mesmo pode ser conferido em www.lostsubs.com

6. O Índico não é uma região onde navegassem normalmente SSN americanos na década de setenta... As duas frotas de submarinos nucleares americanos da época estavam alocadas ao Pacífico e ao Atlântico Norte. Havia por certo manobras e atravessamentos do Índico, mas estes eram relativamente raros.