oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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domingo, outubro 16, 2005

O "mau artista"

Hoje à tarde (domingo) apareceu-me à porta um indivíduo de fato de treino com uma placa na mão e algumas folhas presas a ela por uma mola dizendo: "Estou a fazer um peditório por causa de um menino que tem que ser operado".

Como já não acredito em gambuzinos, nem na capacidade política de Santana Lopes, nem sequer na inocência de Valentim Loureiro (nem na vitória do Peseiro no Campeonato*) disse qualquer coisa como "Obrigado, mas não estamos interessados". Aliás, já estava danado com o tipo mesmo antes de lhe abrir a porta, porque ele tinha optado por tocar a campaínha em vez de bater com a mão à porta, acordando a minha bébe, mas mais danado fiquei quando enquanto fechava a porta oiço o tipo murmurar qualquer coisa. Fecho a porta, para logo a reabrir e lhe perguntar: "O que foi que disse?", "Nada, nada. Falava para mim." "Acho bem." e lá se dirigiu para tocar à porta dos meus vizinhos "engenheiros" e ultra-beatos (bem feito).

Fiquei depois a pensar no episódio... Haveria qualquer hipótese da história do tipo ser verdadeira? Não me parece... Porque haveria alguém que fosse familiar dessa criança omitir essa ligação na apresentação? Porque é que precisaria de recolher dinheiro porta a porta se o Estado - em princípio - garante ainda a realização de operações urgentes? Se era verdade, porque não começou por se identificar? Porque não trazia uma identificação na lapela? Porque andava de barba por fazer e de fato de treino? Porque tocar à campaínha com um único toque insistente e prolongado? Seria uma atitude intencional para impressionar os reformados que habitam maioritariamente a minha zona?

Não, a minha avaliação inicial era a correcta. Tratava-se de um "esquema" arquitecturado por uma mente incompetente para recolher dinheiro aos reformados aqui da avenida... E provavelmente de um esquema eficaz... A quantas portas teria que bater até receber a sua "contribuição"? Quanto renderia este "trabalho" ao fim de bater a 200 portas?

Não me arrependi de lhe ter dito que não. Só me arrependi de não lhe ter sacado mais dados, como os detalhes sobre a suposta criança doente, contactos, o nome, etc.

Da próxima não cometerei o mesmo erro... E sabemos que haverá uma próxima, não sabemos?


* Esta foi para o amigo Pires... ;-)