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terça-feira, março 21, 2006

A Escrita Cónia: As Escritas Indígenas da Península Ibérica e os seus Grupos Linguísticos

"As cinco escritas utilizadas na Península Ibérica pertencem a um grupo comum, o que resulta das suas semelhanças morfológicas e das proximidades linguísticas conhecidas. Para elaborarmos os traços dominantes da Escrita Cónia é necessário que estudemos essas semelhanças e proximidades. Se os Cónios puderem ser integrados nesse grupo devemos encontrar esses mesmos vestígios.

Todas estas formas de escrita têm em comum uma série de traços: desde logo são todas escritas mistas, ou seja, com uma mistura de alfabetos com silabários (em que o caracter representa não uma letra mas fonemas, sílabas e sons isolados), por outro lado, a maioria destas populações utilizava variações de uma mesma língua, de raiz mediterrânea e não-indoeuropeia. Mas também, os próprios caracteres utilizados pertencem a um mesmo “núcleo duro”, existindo variações locais e temporais, mas sempre construídas em torno destes caracteres criados a partir de modelos fenícios e gregos.

Essas proximidades tornam-se evidentes quando observamos que na região da Escrita Cónia também existem testemunhos de outras escritas indígenas peninsulares utilizando a Escrita Ibérica Levantina, a Greco-Ibérica ou caracteres Levantinos. Toda esta comunhão pode indiciar que as comunidades étnicas que habitavam no Sudoeste da Península partilhavam de uma língua muito próxima, ou pelo menos de uma qualquer língua franca com a qual pudessem dialogar. Ora não é credível que comunidades étnicamente tão semelhantes precisassem do grego, fenício (ou do hebraico conforme sugere Moisés do Espírito Santo) para se entenderem mutuamente. É certo que as suas escritas são tão distintas que não falavam certamente exactamente a mesma língua, mas acreditamos que até à época romana existiam proximidades suficientes para que se entendessem mutuamente. Assim sendo, todas ou pelo menos a maioria das inscrições nas diversas escritas ibéricas deveriam poder ser lidas pela maior parte das populações.

É possível desenhar a partir dos vestígios toponímicos que as fontes clássicas nos deixaram uma mapa das línguas indígenas na Península Ibérica. J. Gorrochategui identifica um grupo de nomes muito antigo, sobre o qual assentaram topónimos mais recentes, formados com ili- e briga-. Dentro das áreas geográficas de cada grupo o nível de coerência é bastante elevado. O investigador basco identificou assim os seguintes grupos, relacionados com as línguas faladas na Península:

Grupo Celtibérico: Inclui as populações de Arevacos, Vacceos e Carpetanos.
Grupo Cantábro-alavés
Grupo Astur-galaico: Existem aqui alguns teónimos celtas, embora o maioria dos vestígios os remeta para um nível vestigial.
Grupo Lusitano-vetão

A escrita cónia está geograficamente inserida neste grupo Lusitano-vetão, embora poucos traços tenha de comuns com a escrita lusitana (presente em raros testemunhos) e pertença a um ramo mediterrânico de línguas, enquanto que estes falavam uma variações local do celta, uma língua do profícuo ramo indo-europeu."