oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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quinta-feira, março 16, 2006

A tragédia do Darfur

Desde que a tragédia do Darfur começou em 2005 mais de 300 mil pessoas já morreram, e de uma população de seis milhões, dois milhões foram forçados a abandonar as suas terras ancestrais. Apesar de se tratar da maior tragédia humanitária dos últimos anos, a Comunidade Internacional pouco tem feito para pôr fim a este conflito...

Existem actualmente no Darfur cerca de sete mil soldados da União Africana, mal equipados, mal treinados e sem liderança nem mandatos claros. A sua inépcia tem feito com que as miliícias muçulmanas pró-governamentais tenham agido impunemente até agora na sua limpeza étnica.

Para esta passividade internacional muito têm contribuído a Rússia e a China... A primeira porque vende armamento ao governo sudanês, e a segunda porque lhe compra petróleo. Uma e outra escolheram colocar a Economia à frente da Humanidade.

Kofi Annan apelou para que fosse enviada para o Darfur uma força de manutenção de paz de 12 a 20 mil homens, mas o historial destas forças da ONU indica que nunca estas conseguiram ter um papel determinante na estabilização de nenhum conflito... Ora não tinham uma missão clara, ora a sua missâo remetias a um papel de "observadores", ora era subequipadas e formadas por exércitos fracos e indisciplinados... Os erros das forças da ONU na Bósnia, Palestina e Somália não se devem repetir. Não são precisos mais alvos no Sudão... Para isso já lá estão os habitantes do Darfur...

As forças da União Africana no Darfur devem ser reforçadas urgentemente. A sua componente aérea inclui apenas dois helicópteros em fim de vida e mesmo estes ficam frequentemente em terra por falta de combustível e manutenção. A solução mais rápida seria enviar uma força de ataque helitransportada, directamente respondendo perante a NATO ou a ASEAN para o Darfur, impôr um bloqueio aéreo que impedisse a acção dos helicanhões Mi-24 Hind governamentais contra civis e aldeias... As reinvindicações dos darfurniano deviam ser atentidas. O Sudão, o maior país africano, e também um dos regimes mais islamizados do mundo, devia ser redesenhado, provavelmente dividido por três, de acordo com as religiões de cada uma das partes (animista, islâmica e cristã). Contudo, a divisão do Sudão iria fazer tocar a campaínha do islamismo radical, especialmente se fosse conduzida por forças ocidentais e da NATO... A solução seria executar a divisão por forças de países árabes ou muçulmanos com apoio aéreo e financiamentos ocidentais, mas onde estão elas? Nos seus quartéis. Receosas de serem associadas a qualquer coisa que seja feita pelos mesmos que ocupam actualmente um país muçulmano; o Iraque...

O abandono do Darfur é mais uma consequência da política americana no Iraque. Por um lado, absorbe quase todos os recursos financeiros e militares dos EUA e do RU, por outro afasta destes quaisqueres possíveis aliados em operações menos polémicas noutras regiões do globo.

Bush e os seus erros são em última instância responsáveis por cada um dos 300 mil mortos no Darfur...