oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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quinta-feira, setembro 15, 2005

A Cruzada Popular de Pedro, o Eremita

A partida do exército cruzado havia sido marcada para 15 de Agosto de 1096, e teria início logo após terem sido realizadas as colheitas (na Idade Média, os ciclos agrícolas determinavam a maioria das actividades humanas).

Mas para aqueles que pouco tinham e que tinham sido seduzidos pelo ideal de Cruzada pelos prelados e pelo papa Urbano II uma data que apontava para daí a nove meses era o tempo de uma vida... Com efeito, no século XI as expectativa de vida média de um camponês mal se aproximava dos trinta anos...

Essa impaciência tornou os ouvidos das classes populares mais receptivos à mensagem veiculada por uma tal de "Pedro, o Eremita".

Por isso, quando Pedro começou a percorrer os caminhos da Europa montado no seu burro (emulando a figura de Cristo entrando em Jerusalém) foi imediatamente por um número crescente de seguidores que em poucas semanas chegava aos milhares.

Anos antes, Pedro tentara peregrinar até Jerusalém, mas fora desencorajado pelos turcos otomanos que controlavam o acesso à Cidade Santa e voltara para trás. O ressentimento então acumulado dera-lhe energias para promover agora aquela que a História conheceria como a "Cruzada Popular"...


Quando os membros da Cruzada Popular chegaram a Belgrado - na actual Sérvia - começaram a pilhar a região. Naturalmente, isso enfureceu o imperador bizantino que controlava a região, que os mandou com escolta para Constatinopla. De caminho, saquearam ainda a Hungria.

Os vinte mil cruzados haveriam de atravessar o Helesponto para a Ásia Menor, mas ao desembarcarem perderam a pouca coesão que traziam. Uma parte do "exército" acampou em Kivetos a sul de Nicomedia, os restantes atacaram a região de Niceia lançando o caos na zona, não distinguindo cristãos de muçulmanos, matando e saqueando uns e outros.

Perto de Niceia, conquistaram e ocuparam um castelo. Os turcos por fim, decidiram-se a reagir, e com um forte exército cercaram o castelo. Em menos de uma semana os cercados desesperavam por água (não havia nenhum poço no interior das muralhas controladas pelos cristãos) e ao fim de oito dias os últimos sobreviventes rendiam-se aos otomanos.

Pouco depois, o mesmo exército turco atacava o segundo grupo de cruzados populares em Kivetos, massacrando-os completamente. Os poucos sobreviventes seriam embarcados de volta para a Europa por uma esquadra bizantina, sendo salvos precisamente por aqueles que tão mal haviam tratado semanas antes... E assim terminou aquela que foi chamada a "Cruzada Popular".