O "Reino dos Céus" e o Rigor/DesRigor Histórico
Embora o rigor histórico do "Reino dos Céus" seja geralmente muito reduzido, um episódio demonstra que o argumentista leu as crónicas com muita atenção... É o episódio em que Reynold e Guy de Lusignan são levados à presença de Saladino.
No filme, Saladino oferece a Guy uma taça de gelo (na verdade, uma taça de água de rosas com gelo) como sinal de que poupará a vida do Rei cristão. Guy passa-a a Reynold, crendo que também este teria a vida poupada, mas não era essa a intenção de Saladino, que furioso a tira da mão do nobre e o mata pelas suas próprias mãos.
Toda a cena é idêntica à descrita pelo cronista, inckuindo a frase "um rei não tira a vida a outro rei", exceptuando o pormenor da decapitação de Reynold que Riddley Scott alterou para um punhal cravado no pescoço.
Se conheciam os textos, porque é que no resto do filme se optou pela fuga sistemática à verdade (bem diversa, do Alexander de Oliver Stone, diga-se)? Se se pretendia reforçar a espectacularidade do filme ou o enredo podia-se omitir aqui e além, inventar personagens em vez de usar personagens históricos com comportamentos deturpados. O que se passa em Hollywood para um realizador tão conceituado não hesite em fugir à verdade e se ponha a inventar treta sobre treta? E o filme, até é mais rigoroso que a maioria... Agora imagine-se o que não são os telefilmes que as nossas televisões de vez em quando nos apresentam...
<< Home