O "modo 4"

Os Serviços representam para a economia europeia 70 por cento do produto interno bruto e ocupam 65 por cento de todos os trabalhadores europeus. A acentuação do peso do sector dos Serviços é o resultado de estratégias políticas adoptadas pelos governos europeus desde o início da década de oitenta e que privilegiaram a tercialização e a desindustrialização deslocalizante das economias.

Por esta razão, as negociações que vão ter lugar em Hong Kong entre 13 e 18 de Dezembro no âmbito da Conferência Ministerial da OMC são tão importantes.

Aqui vai debater-se o dito "modo 4", ou seja o quarto modo possível de prestação de serviços: a mobilidade do pessoal. Com o modo 4 as empresas poderiam deslocalizar "sem sair do lugar", assinando contratos - por exemplo - com empresas de serviços informáticos indianos por 2 anos em troca do envio para a Europa de engenheiros subremunerados (pelos padrões europeus). estes emigrantes não ganhariam direitos de residência e poderiam ser repatriados a qualquer momento.
A pressão - já imensa - sobre os salários e a precaridade do emprego iriam aumentar com a chegada destes migrantes ultraprecarizados e o desemprego iria disparar. Assim como o número de emigrantes ilegais (quantos regressariam à origem no final dos seus contratos?). Tudo em nome da sacrossanta maximização dos lucros e dos rendimentos dos accionistas... é isto que queremos para os nossos filhos?