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quinta-feira, março 23, 2006

A Escrita Cónia: História do Estudo da Escrita Cónia

"O primeiro a debruçar-se sobre a questão da utilização da escrita no sul de Portugal foi aquele que Caetano Maria Beirão designa muito justamente como “o primeiro arqueólogo português”, D. Frei Manuel do Cenáculo de Vilas-Boas (1724-1814), Bispo de Beja. A estes primeiros trabalhos e à revelação das primeiras estelas encontradas em Portugal, vieram a juntar-se mais algumas entretanto descobertas por Sebastião Philippes Martins Estácio da Veiga o qual, em 1880 e nos anos subsequentes, nas “Antiguidades de Mértola” publicaria mais algumas destas misteriosas estelas. O grande vulto da arqueologia portuguesa que foi José Leite de Vasconcelos nas suas andanças pelo país também abordou a questão das estelas inscritas nos seus trabalhos, conseguindo descobrir mais algumas destas inscrições. Após estes trabalhos, seria Francisco Martins Sarmento (1833-1899), que haveria de dedicar a sua atenção a uma das principais fontes clássicas escritas sobre a civilização cónia: a Orla Marítima de Rufus Festus Avienus. Anos mais tarde, Teixeira de Aragão estudaria as moedas com inscrições pré-romanas descobertas no sul de Portugal.

Conforme dissemos, as primeiras estelas que vieram a público foram-nos legadas por Frei Manuel do Cenáculo que publicou os seus desenhos no "Cuidados Literários do Prelado de Beja em garça do seu Bispado" uma obra que, no ano de 1791, publicaria. Segundo o religioso, os caracteres que observou "nas estelas sepulcrais caracteres fenícios ou turdetanos". Nas suas caminhadas pelo concelho de Ourique descobriu sete destas estelas. No “Sesinando Mártir e Beja sua Pátria” (1800) afirmava que as estelas tinha sido descobertas junto de sepulturas com diversos objectos, que não descreve. Em 1782, Francisco Perez Bayer encontraria em Alcalá del Rio (Sevilha) uma estela com caracteres semelhantes aos de Cenáculo."