oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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quinta-feira, setembro 15, 2005

Parte 22: A Escrita Cónia: Divindades adoradas pelos Cónios: Influências Exteriores

É um exercício particularmente difícil reconstruir a Civilização Cónia e, particularmente, o seu sistema religioso. Mas sendo as estelas cónias monumentos funerários e, consequentemente, de teor religioso este é um exercício indispensável.

A adopção do culto de divindades salutíferas romanas, de que Esculápio constitui o melhor, pode ser um indicador de que já preexistia nas populações a predisposição a cultos deste género, ou mesmo cultos semelhantes que foram absorvidos e “latinizados”. Testemunho deste processo pode ser o tempo de Esculápio de Mirobriga (Baixo Alentejo) e a estátua deste médico divinizado descoberta em Serpa.

Não existem sinais suficientes para nos permitir defender a continuidade de um culto à Deusa-Mãe desde a época neolítica. É certo que alguns vestígios arqueológicos indiciam a sobrevivência de cultos a divindades femininas na Idade do Ferro do Sul, como se depreende dos “dois brincos de orelha, lunulares e terminados com duas pequenas esferas de ouro, na lúnula estão soldadas 14 pequenas cabeças femininas representando talvez Hathor, Astarté ou Aphrodite” que o Caetano Beirão descobriu no Tesouro do Gaio, em Sines.

Como dissemos, a reconstrução do sistema religioso cónio é, sem dúvida, um exercício particularmente difícil. Desde logo escasseiam os vestígios arqueológicos, os monumentais estão completamente ausentes e as fontes escritas ou estão por traduzir, ou escasseiam entre os autores clássicos. Existem contudo alguns elementos disponíveis que podem ser utilizados para tentar uma reconstrução parcial das crenças dessas populações do sul do actual território português.