A MicroManif da Função Pública

Ontem ao passar junto da sede do Ministério do Trabalho (ou do Desemprego?) vi uma manifestação do sindicato dos trabalhadore da Função Pública. Cerca de 20 sindicalistas pregavam bandeiras vermelhas no chão e faixas com frases alusivas à ingressão na função pública dos trabalhadores contratados que o Estado (escandalosamente) continua a utilizar frequentemente excluindo-os sempre do vínculo.

A justeza da causa é inegável, mas quando comecei a contar os polícias da PSP que faziam segurança à manifestação reparei que estes estavam agrupados em 3 conjuntos de 3 agentes cada, e que, mais abaixo estava uma carrinha da polícia com mais 6 agentes no seu interior. Ou seja, para acompanhar cerca de 20 sindicalistas, a PSP tinha mobilizado 15 agentes... Documentando a "manifestação" encontrei ainda uma equipa de reportagem da SIC e uma outra de uma qualquer produtora contratada por outra televisão, reunindo ambas 4 jornalistas. Ora isso faz 4 + 15 = 19. A manifestação tinha apenas mais um elemento que a PSP e os Media reunidos...

Observações:
a) Esta generosa alocação de meios policiais foi racional? Estes agentes não seriam mais úteis no patrulhamento a pé em Lisboa (sempre ausentes), na Cova da Moura ou noutro local?
b) Este formato de protesto será ainda eficiente nos dias de hoje? Que tipo de pressão junto do governo é que o sindicato da FP acha que vinte manifestantes podem ter? Os recursos gastos na micromanif, o tempo de trabalho perdido, compensam os efeitos desta manifestação?
c) Para quando um sindicalismo moderno, actuante, interventivo e não um sindicalismo em erosão crescente merçê das suas técnicas de luta obsoletas e típicas da década de 80? Comprar espaço em jornais e nas televisões para fazer passar a sua mensagem não seria mais eficaz que estas micromanifs?