oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

Este Blog mudou-se! Clique AQUI para aceder ao novo http://quintus.wordpress.com

quinta-feira, setembro 15, 2005

Parte 15: A Escrita Cónia: Os Invasores célticos e o colapso da Civilização Cónia

É por volta do século V a.C. que as regiões a sul do Tejo assistem à chegada de vagas de invasores vindos do centro da Península ibérica que criam a II Idade do Ferro e que conduzem ao termo da civilização cónia. Os enterramentos tumulares, com estelas, cessam, e passam a surgir nas estações rituais de incineração, com recolha de fragmentos ósseos dentro de urnas. J. M. Arnaud e T. J. Gamito encontram cerâmicas decoradas de influência celtibérica que testemunham essas movimentações de povos em direcção ao sul a partir da Meseta. Curiosamente, ou talvez não, todas estas transformações deste lado do Guadiana coincidem com a decadência do potentado “tutelar” de Tartessos e com o declínio da presença grega na Península após a vitória cartaginesa na Batalha de Alalia. Quebrado o poder do “protector” tartéssico estes aguerridos povos de matriz celta ter-se-iam sentido livres para avançar para sul acabando eventualmente por chegar ao Cuneum Ager.
Perante esta invasão assistimos a uma multiplicidade de reacções. Temos por um lado, violações de túmulos e broches de bronze inacabados em vários povoados do Baixo Alentejo, juntamente com cerâmica quebrada e madeira queimada (Fernão Vaz); mas temos também estelas inscritas que foram reutilizadas o que indicia um repovoamento com novas populações. O facto de serem desta época de transição as últimas estelas revela uma descontinuidade cultural com os povos da Meseta, e o abandono de diversos povoados revela novas prioridades de povoamento, mais viradas para o litoral do que para os circuitos comerciais terrestres com tartessos que serviam de base à economia dos cónios.