oGrunho (Discussão sobre Política Nacional e Internacional)

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domingo, março 12, 2006

Constâncio: "ganho muito"

Constâncio queixa-se que ganha muito... (Correio da Manhã)

Num país onde o salário mínimo anda pelos 380 euros e onde o próprio Presidente da República, do alto do seu cargo decorativo, consome 7155 euros, o abastadíssimo Constâncio "queixa-se" dos seus 25 mil euros mensais... (com um salário destes temos sempre que escrever "mensais", para que o leitor não fique confundido).

Constâncio, queixa-se, mas não consta que contribua regularmente com parte significativa do seu vencimento para nenhuma causa social ou que tenha recusado explicitamente receber parte do mesmo...

Apesar disso continua a reafirmar a necessidade de contenção salarial dizendo que "reduzidos”. E aproveitou até para reafirmar a necessidade de contenção ao nível das remunerações, já que “a média salarial cresceu nos últimos anos em Portugal mais do que no resto dos países europeus e do que a produtividade do País”. O que é uma falácia! Esquece que nas décadas precedentes os salários perderam em relação à inflação todos os anos, e que esta perda regressou pelo menos desde 2003 (corrijam-me se estou enganado). Ou seja, se durante uns anos existem ganhos, estes têm imediatamente que ser anulados? E naqueles em que existem perdas e o senhor governador se mantêm mudo e quedo?

E depois faz a ligação imediata e directa entre salários e competitividade... Como se esse fosse o único critério, ou até o mais importante... Não é! E a qualificação? E a qualidade da gestão? E o investimento e a eficácia do mesmo? E os níveis de impostos nacionais? E uma cultura demasiado "estatista" do nosso sector primário, sempre ansioso por subsídios, quando devia esperar que o Estado o ajudasse com... baixos impostos?